sábado, 28 de março de 2015

Pinto da Costa: «Os 5x0 ao Benfica foi um dia fabuloso, o Jesus a ajoelhar também»


Pinto da Costa concedeu uma entrevista à revista Dragões e ao Porto Canal e falou sobre vários momentos marcantes dos anos que leva no comando do FC Porto. O dirigente azul e branco não escondeu que no novo estádio já viveu «grandes alegrias».

«Posso eleger muitos momentos. Foi aqui que jogamos a meia-final da Champions League. Foi aqui que se abriram as portas para a final da Champions que acabamos por ganhar [n.d.r em 2004]. Mas houve outros momentos. Lembro-me dos 5x0 ao Benfica no tempo do Villas-Boas, do golo do Kelvin aos 90+2' com o Jesus a ajoelhar e todos os portistas contentes. Foi uma festa com o coração em que muitos não acreditavam. São, de facto, momentos inesquecíveis», afirmou Pinto da Costa.

Nesta entrevista, o dirigente portista falou também sobre a construção do Estádio do Dragão. «Foi uma obra que eu tinha sonhado, que não era para ter tantos espectadores mas depois apareceu o Euro 2004 e pensamos em ter mais lugares. Foi lançado o projeto e fomos construindo o estádio com uma pequena participação do Estado. A obra estava no ar quando o presidente da Câmara embargou a construção, que obrigou o Presidente da República a fazer uma reunião para ver se deixavam construir o estádio (...) foi uma luta difícil», disse, explicando o nome do estádio: «Dragão simboliza todos os portistas, todos os dragões que ajudaram a construir o FC Porto. Não podia permitir que o meu nome fosse dado ao estádio. Enquanto eu cá estiver, nada do que se inaugura terá o meu nome».

O dirigente confessou também que o Museu foi a obra que «mais prazer» lhe deu. «Eu ainda era diretor do FC Porto há 40 anos e inaugurámos uma sala de troféus no Estádio das Antas que se chamava "Sala de troféus Afonso Pinto Magalhães". Todos ficavam deslumbrados mas para mim aquilo não era museu. Tinha muitas taças mas eu não gostava daquilo. Talvez por eu ter sido criado com cultura, achava que aquilo era um armazém de taças. Tinha esse sonho [n.d.r de construir um museu], nunca o revelei. Muitas vezes não fiz aquele armazém de taças pois ia contra os meus conceitos», disse, destacando ainda a criação do centro de treinos do Olival e do Vitalis Park.

Após falar de algumas das construções azuis e brancas e das memórias que guarda delas, Pinto da Costa lembrou a final da Taça dos Campeões Europeus vencida perante o Bayern München. «Chegar à final e ganhar num estádio que era cerca de 85 por cento com as cores do Bayern, em que o Bayern tinha o favoritismo, foi de facto bom. Para mim, será difícil ter outro triunfo que me dê tanto prazer. É a que eu recordo com mais emoção.»

Pinto da Costa pediu a Fernando Gomes para deixar a Federação

Nesta conversa, Pinto da Costa falou também sobre o estado atual do futebol no nosso país. «O futebol regrediu muito. Sou do tempo em que, por exemplo, nas Associações e nas Federações as pessoas iam para defender o futebol, para melhorar o futebol e não fazer desses lugares para promoções pessoais. Nesse aspeto, acho que o futebol português atravessa um mau momento. Temos, no futebol português, uma Federação rica, com muito dinheiro a prazo, temos uma Federação onde tudo é pago principescamente, temos uma Federação que não poupa a gastos e ao mesmo tempo temos os clubes quase todos em pré-falência. Porquê? Porque a Liga, que foi formada como sendo uma associação dos clubes, deixou de ter essa missão e não pôde ajudar os clubes. Acontece que os clubes não recebem nada da Liga e dá-se absurdo que, felizmente foi por unanimidade na última reunião da Liga suspensa, a Liga tinha de entregar à Federação 50 por cento de qualquer inscrição de qualquer jogador, seja de que clube for. Depois a Federação recebe dinheiro para ir fazer jogos nos sítios mais incríveis com os jogadores que os clubes formam, como por exemplo foi o jogo do Gabão. É um absurdo», sublinhou, pedindo a Fernando Gomes para deixar a Federação.

«Que Fernando Gomes vá para a UEFA e deixe a FPF a quem tenha paixão pelo futebol. Se fosse presidente da Federação de Basquetebol, depois do que nos aconteceu no último Mundial, não atiraria as culpas para os médicos porque, de basquetebol, não tenho dúvidas que ele percebe», disse, depois de ter falado sobre a candidatura de Figo à FIFA. «O presidente da Liga é vice da Federação e não teve conhecimento. Os clubes também não foram consultados. Não são eles os donos do futebol? É uma pessoa que resolve sozinha que vai apresentar um candidato contra o Blatter?», questionou, acrescentando: «Blatter foi convidado para a gala dos 100 anos da FPF, falou três minutos, e três dias depois, só com o conhecimento de Fernando Gomes e Platini, o Luís Figo aparece como candidato», destacou na reta final desta entrevista.

IN « zerozero.pt »


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